sábado, 31 de outubro de 2009

"Você não vale nada, mas eu gosto de você"

Nesse primeiro post, já que estou na madruga, cansado... Vou colocar um texto publicado no Blog do meu amigo Fábio Ramalho (Rede Record)http://www.recordrio.com.br/blog/fabioramalho/index.php?inicio=2008-11-02&final=2008-11-08, na época estava em pauta um projeto que tramitava em Brasília sobre a não obrigatoriedade do diploma para o profissional de jornalismo. O texto bombou no blog do Fábio!! Re-leia:


"Talvez quem não vivencia o dia-a-dia de uma redação não esteja por dentro dos debates que estão ocorrendo pelo país por conta de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode acabar com a obrigatoriedade do diploma para o profissional do jornalismo. Quando esta questão entrou em pauta em âmbito nacional, muitas dúvidas surgiram para os estudantes que, assim como eu, estão cursando a graduação de jornalismo e também aqueles que já exercem a função.


Entre os estudantes é quase uma unanimidade o sentimento de preocupação com a possível enxurrada de pessoas se intitulando jornalistas. Outro sentimento é uma espécie de “derrota” em saber que os muitos anos dedicados à faculdade podem não servir para uma futura contratação. Já entre os profissionais que atuam na área, existe uma certa divisão. Aqueles que trabalham com jornalismo desde antes de 1969, ano em que nasceu o Decreto-Lei 972, que estabelece a obrigatoriedade do diploma, defendem o fim da obrigatoriedade do diploma ou se mantém neutros.


Aqueles que passaram por uma faculdade defendem a manutenção da lei, ou seja, que o diploma seja mais que um desejo: uma obrigação! Nesse emaranhado de opiniões, os sindicatos tentam se mobilizar para conseguir que o STF não derrube a lei. E quem pensa que esta briga é recente se engana. Em 2001, em São Paulo, já houve uma movimentação do Ministério Público Federal na intenção da derrubada da Lei. Até hoje pequenos processos “pipocam“ pelo país, mas nada foi decidido de fato.


Existem algumas linhas de pensamento que defendem que, para ser um bom jornalista, não é necessário passar quatro anos dentro de uma faculdade, mas sim, ter experiência. Experiência esta que é adquirida no dia-a-dia, vivendo a dinâmica de uma redação. Posso até concordar com esta linha de pensamento e dizer que aprendemos dentro de uma sala de aula, não somente o conhecimento e a experiência, mas também a técnica. Claro que não podemos afirmar que somente a técnica justifica a obrigatoriedade do diploma, mas ela pode auxiliar e muito na formação de profissionais verdadeiramente capacitados para enfrentar um mercado de trabalho que está muito diferente do que se vivia em 1969.


Infelizmente, mesmo na atual situação da formação de jornalista, ainda vemos pessoas que não têm nenhuma capacidade para estar assumindo esta profissão, seja em cultura, experiência ou técnica. Basta ligar a TV, ler Jornais, ou sintonizar uma Rádio que observamos “projetos de celebridades” assumindo o papel de jornalistas. Será que, com a derrubada da obrigatoriedade do diploma, veremos um mercado de informação ao melhor estilo “reality-show”? O conhecimento não dependerá do que foi adquirido com a cultura, mas do nome do superior que o indicou para a vaga? Ou onde a beleza demonstrada em um monitor de vídeo será muito mais relevante que a capacidade de estar assumindo o papel de âncora de um telejornal? Sei que um diploma não forma um bom jornalista, mas até que ponto a não obrigatoriedade dele pode favorecer a qualificação de um profissional? E para quem não é da área, deixou outra pergunta: qual o tipo de informação você deseja receber em suas mãos?"